Na série “Política se Discute?”, o jornalista americano Adam Conover aborda as ações do governo.
Disponível no Netflix, o tema da série pode ser compreendida melhor pelo título em inglês da produção: “The G Word”, algo como “o mundo do governo”.
Nos oito episódios, Adam Conover mostra as ações boas e ruins do governo na saúde, na segurança alimentar e em outras esferas da vida.
No último capítulo da série, o jornalista entrevista Barack Obama, o ex-presidente americano, e faz uma pergunta incômoda para ele: é possível promover mudanças no governo e mudanças na sociedade através do governo?
Barack Obama respondeu que sim, mas que essas mudanças são incrementais e lentas. “O governo não é um barco. É um transatlântico. Se você conseguir mudar 10%, você já fez a sua parte”, diz o ex-presidente dos Estados Unidos.
Na segunda parte da série, o jornalista Adam Conover chega a uma conclusão: de que as mudanças podem ser maiores nos governos municipais. “O americano é muito focado no governo federal, mas se esquece do local”, diz. E complementa: “A água que você bebe, a estrada que você percorre, a escola que seu filho estuda, tudo isso é providenciado pelo governo local, não pelo federal.
A mesma observação pode ser feita em Cerejeiras.
Durante o ano de 2022, o foco do cerejeirense foi quase totalmente na política nacional, incluindo promovendo protestos e manifestações – e não estou dizendo que esteja errado, pelo contrário, é uma atitude muito elogiável e que mostra que o brasileiro se despertou para a importância da política.
Mas o ponto aqui é a negligência onde de fato o morador do município poderia exercer alguma influência: na política local.
O ponto aqui não é incentivar que deixemos a política nacional de lado. Mas é que cada um de nós tenhamos a mesma disposição e atitude para com a política local.
As sessões da Câmara de Vereadores em Cerejeiras, por exemplo, foram quase todas elas com auditório quase vazio.
Claro que existem algumas honrosas exceções, em que moradores cerejeirenses recorreram à prefeita e aos vereadores para a busca de soluções para os problemas coletivos do dia a dia. Mas, no geral, o foco foi muito maior na política federal.
Talvez a constatação do jornalista americano na série do Netflix seja pertinente a nós. Será que não está na hora de focarmos onde temos mais poder de influência de fato, que é na política local?