Após todas as providências e medidas destinadas a preparação do solo, a realização do plantio e os cuidados decorrentes dos tratos culturais inerentes à espécie, sempre com os olhos voltados para os céus na esperança que as chuvas sejam generosas e em momentos adequados, e que o clima em geral auxilie, para que as pragas e insetos não se proliferem, é chegado o momento que cristaliza todo o clímax da atividade agrícola: a colheita da soja.
Ainda com preocupações com fatores como umidade, transporte, logística , secagem, armazenagem da produção, é o momento primordial não só para os produtores que terão o prazer de receber da terra a recompensa pelo seu árduo e importante trabalho, mas também para uma série de outros protagonistas e figurantes nesta aventura a céu aberto, mas também até para pessoas que sequer acreditam que todo aquele movimento afetará sua vida.
O setor agrícola e a produção são inequívocos geradores de empregos tanto nas cidades como no campo, e esta situação consolida-se de modo visível no período de safra. De modo imediato e direto , muitos produtores têm que trazer de outras localidades ou estados pessoas que tenham habilidade e conhecimento para trabalharem com máquinas sofisticadas e caras, e é comum a vinda de operadores de colheitadeiras, mecânicos especializados em equipamentos dotados de comandos informatizados e acionados via satélites.
Um batalhão de caminhões é indispensável para viabilizar a retirada do produto do campo até os compradores ou até os secadores e armazéns.
Os caminhões utilizam grande número de motoristas, dada a necessidade em alguns casos de revezamento, pois o trabalho no campo na época da colheita não pode parar. Em uma região de grande potencial produtivo como Cerejeiras é normal a vinda de inúmeros caminhões de outros locais para ficarem disponíveis e serem utilizados pelos produtores durante toda a safra, sendo que alguns são utilizados também para a colheita do arroz.
Com o grande número de caminhões, aumentam os serviços da autopeças, posto de molas, borracharias, postos de combustível, e o segmento de alimentos e lazer. Os locais especializados em limpeza de caminhões e carretas também são atingidos positivamente de imediato.
De modo simultâneo, os armazéns e secadores têm que multiplicar o número de funcionários para que seja possível dar um atendimento razoável ao produtor, e mesmo assim são visíveis as irritantes filas quilométricas que se formam para que os produtos sejam descarregados nas trades ou em secadores.
Aliás, vale dizer que, para ser um funcionário efetivo de um secador, tem que reunir bastante conhecimento dos equipamentos, sua manutenção e a solução de problemas mais emergenciais e básicos, e dado estes critérios, percebem boa remuneração.
Uma série de ocupações paralelas surgem tanto nas propriedades rurais, nos armazéns e nas oficinas com o intuito de atender as emergências que nesta época são comuns.
Todas as lojas adotam sistemas de plantões destinados ao atendimentos de urgências de seus clientes.
Os restaurantes, que abastecem as lavouras e os secadores com as marmitas, aumentam a operação em pelo menos 30% no auge da colheita da soja.
Aqueles profissionais que são os qualificadores de produtos, como os agrônomos e os pesquisadores, se debruçam sobre o resultado da safra para promoverem uma avaliação do seu trabalho.
O comércio sente o fluxo e vários setores vivenciam aquecimento.
As instituições financeiras, como bancos e cooperativas, ostentam uma movimentação expressiva, oriunda da venda de produtos, de transferência de valores, de depósitos, de pagamentos, de débitos.
Os arrendantes começam a receber os valores contratados e aplicam, compram, ou pagam suas contas e dívidas.
Todo este movimento é que gera progresso e desenvolvimento.
A safra , principalmente quando ela é boa, com sucesso, é o degrau que sustenta os novos projetos, os sonhos.
Essa é a exata realidade que a região de Cerejeiras está vivenciando neste momento.
A região está em plena colheita de soja na região de Cerejeiras, numa área que hoje ostenta cerca de 200 mil hectares de plantio.
Devido ao investimento em manejo e tecnologia, a cultura vem atingindo na média geral uma boa produtividade das lavouras, bem superior à média nacional, e o movimento intenso gerado pelo vai e vem das máquinas e caminhões, assegura progresso, riqueza e desenvolvimento.
No entanto, faz-se necessário ressaltar alguns problemas que devem ser solucionados para que não haja no futuro um estrangulamento nos mecanismos de produção e comercialização.
Perfeitamente previsível que a região já nesta próxima safra irá vivenciar uma nova expansão de área plantada, pois muitas que hoje são ocupadas por pastagem ou subaproveitadas vão ser incorporadas ao sistema agrícola de produção.
A necessidade de ampliação dos armazéns e secadores é evidente. Apesar de terem ocorrido vários investimentos neste segmento, não tem conseguido acompanhar o passo acelerado da produção. Os armazéns e as estruturas das traders Amaggi e Cargill comprovaram em safras anteriores, sem sombra de dúvida, que já não são suficientes para acolher parte significativa da colheita da região, necessitando urgentemente de ampliação ou modernização.
Soma-se a isso a necessidade de incorporação de maior contingente de pessoal, pois em períodos passados, mesmo com volume inferior, ambas trabalhavam em período elástico na época de colheita.
O preço pago pelo produto, sempre inferior àquele pago para os produtores do Mato Grosso, não obstante a maior proximidade do porto, também não tem explicação razoável ou aceitável, sendo um ponto muito questionado pelos agricultores.
Nesta safra também está havendo uma maior procura e necessidade de caminhões, não obstante muitos motoristas terem se deslocado de outros estados para fazer a safra na região. Na outra ponta, os produtores identificaram também em seguidas queixas a carência de alguns serviços específicos para a não interrupção das atividades e também na assistência à maquinários e implementos, mas estas demandas já estão sendo visualizadas por empresários de outras regiões de Rondônia e de outros estados que já constataram que devem investir para abocanhar parcela dos resultados do desenvolvimento.
A Copama, assim como outros produtores de maior porte, já realizam ampliações de suas unidades, cientes da urgência que isto representa.
Aspecto a ser destacado neste contexto da colheita – e mirando o futuro breve – é a questão da logística, inadmissível que até o momento não haja um projeto em andamento para o asfaltamento da rodovia que liga Cerejeiras a Cabixi, que inclusive recebeu um trabalho de elevação e alargamento em alguns trechos que favoreceu muito para sua manutenção, bem como a abertura, realinhamento e alargamento da rodovia que liga Cerejeiras a Chupinguaia. Essa rodovia incorporaria imensa área hoje bastante esquecida, tiraria Chupinguaia da condição de final de linha, além de encurtar bastante a distância para Porto Velho.
Considerando um traçado elaborado com técnica , cortando as curvas e desvios inúteis, de Cerejeiras a Chupinguaia haveria uma distância de 80 quilômetros que, somados aos 55 de asfalto já existentes até o Posto Guaporé, totalizariam 135 quilômetros para que o veículo já estivesse a 90 quilômetros de Pimenta Bueno, ao passo que hoje só para chegar no trevo de Vilhena, é necessário percorrer 110 quilômetros.
Agora, neste momento em que o agro e o Cone Sul coincidem em ter um senador da República, a saber, o empresário Jaime Bagatolli, homem forjado no setor produtivo e consciente da condição indispensável da logística para o setor agropecuário, renova-se a esperança de que possam haver volumosos investimentos públicos nesta questão.