Pecuaristas do Conesul de Rondônia, estado natural da pecuária, revelam suas respectivas opiniões sobre o atual cenário referente ao investimento de gado na região. Essas opiniões são um reflexo de toda a pecuária nacional.
Por Renata Leite
O Ministério da Agricultura e Pecuária publicou em seu site oficial, no dia 22 de fevereiro de 2023, a confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (mal da “vaca louca”) em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA). Desde então, também pelos motivos de troca de governo e as notícias falsas sobre o cenário bovino atual, os valores relacionados a compra e a venda de gado seguem sofrendo variações. Diante desse cenário, os pecuaristas do conesul de Rondônia abordam tais temas referentes a procura e oferta de gado nos municípios onde atuam trazendo visões positivas e também negativas nas quais são um reflexo de todo o território nacional brasileiro.
O Pecuarista Attila Pitter de Oliveira, que trabalha na região do município de Chupinguaia (RO), explica que o primeiro fator de influenciou na queda do valor do gado foi o caso do mal da “vaca louca” no Pará. Segundo a defesa agropecuária do estado de São Paulo, o caso foi detectado durante vigilância para Síndromes Neurológicas em um bovino macho. Após exame negativo para Raiva dos Herbívoros, teve material encaminhado para diagnóstico diferencial no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) em Recife (PE), onde teve diagnóstico reagente para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), sendo encaminhado para o Laboratório de Referência para confirmação em Alberta no Canadá. “Logo depois disso o gado nunca mais conseguiu ter uma estrutura, paralisar em algum lugar”.
Por subsequente, a troca de governo também influenciou no cenário causando incertezas na população sobre o futuro do país e, consequentemente, um consumo menor. Segundo o site Politize, “parece não haver mais dúvidas sobre a existência de eleições polarizadas no país”. Pitter também ressalta que, diante desses dois principais fatores que levaram à queda de preço, “os produtos nos quais são utilizados para trabalhamos com o gado não acompanharam essa queda”, isso fez com que os pecuaristas pagassem o mesmo valor nos medicamentos e produtos. Nesse mesmo momento, o valor dos animais caiu consideravelmente no mercado. “O gado não se pagava” explicou.
De acordo com o site Giro do Boi, para que o animal esteja pronto para o comércio ele necessitará de um tempo até que possa ser comercializado, “normalmente no semiconfinamento, dependendo do peso que o boi entra no sistema, vai demorar aí de 90 a 100 dias para ele ser terminado”. Pitter explica que, no início do ano de 2023, os problemas que aconteceram nesse tempo de preparo do gado para o abate resultaram na oscilação do mercado e até hoje, segundo ele, “o valor ou está em queda ou está em alta, então o cenário fica de total insegurança porque as pessoas terão medo de comprar o gado e o mesmo cair de preço”. Ele também cita o cuidado que os pecuaristas devem tomar em relação as notícias recebidas para não caírem em golpe das famosas Fake News (Notícias falsas). Essas notícias, por normalmente serem compartilhadas entre amigos e familiares, parecem ser verdade, contudo, possuem “o único objetivo de lucrar enganando os pecuaristas” explica.
José Tancredo Alves é pecuarista no município de Corumbiara (RO), e em entrevista, expôs sua opinião positiva mesmo sobre o atual cenário. “Em tempos de queda de preço, é o momento ideal para comprar gado”, segundo ele, os investimentos estratégicos nesse momento irão trazer lucros futuramente. De acordo com a matéria publicada no canal rural no dia 04 de dezembro, o preço da arroba do boi gordo está em alta. “O mercado físico do boi gordo abriu a semana com negócios acima da referência média”. Isso motiva os produtores e faz jus ao pensamento positivo de José. Contudo, segundo a matéria, para que isso se concretize é necessário que haja elevação do valor da carne no mercado. Também foi citado que as escalas de abate ainda estão encurtadas, em um momento de alta demanda.
Em entrevista com o Globo Rural, César de Castro Alves, gerente de consultoria agro do Itaú BBA, declarou boas notícias referentes ao produtor e para os frigoríficos a respeito da previsão para 2024. “Na média, vemos a arroba do boi em São Paulo entre R$ 250 e R$ 260. Isso traz fôlego para o produtor e também desenha um ano bom para os frigoríficos”. Dadas as perspectivas de crescimento do PIB no ano que vem, de juros em queda e de inflação controlada, o banco estima que a demanda deve continuar crescendo no próximo ano. “Tanto as margens internas quanto as externas estão bastante razoáveis”, disse César.
Mercado Atacadista:
Segundo o Canal Rural, o mercado atacadista apresenta preços firmes para a carne bovina no início do mês de dezembro. Dado o pico de consumo no mercado interno, o ambiente de negócios sugere alta das cotações. A entrada do 13º salário ainda gera efeito positivo, ampliando o consumo. Além disso, a criação de empregos temporários e as confraternizações de final de ano também geram efeito positivo sobre a demanda.
O Ciclo da Pecuária
O ciclo da pecuária é um fenômeno caracterizado pela flutuação dos preços do gado e da carne, com fases de baixa e de alta que se repetem de tempo em tempo. Segundo o site da Band, essa flutuação é causada pela natureza da pecuária de corte, que é uma atividade de ciclo longo em que a resposta da produção a estímulos externos, como os preços recebidos, acontece de forma muito lenta. De acordo com os pesquisadores do Centro de Inteligência da Carne Bovina (Cicarne) da Embrapa, um ciclo completo, dura em torno de 8 anos. Contudo esse período, porém, está diminuindo no Brasil porque, com mais tecnologias disponíveis, os animais atingem o peso de abate com menor idade.
Rondônia é destaque
Segundo a publicação no dia 06 de janeiro de 2023, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON), comentou que “Rondônia, hoje, é tida internacionalmente como a região natural da pecuária, ofertando carne de qualidade para todo o mundo”. Ainda segundo o IDARON, o estado continua se destacando no ranking nacional da pecuária, tendo o maior rebanho dentro das áreas reconhecidas internacionalmente como livre de febre aftosa sem vacinação.
Da autora:
Renata Leite é estudante de Jornalismo pela Uninter. Colunista desse site.