No final do ano de 2024, em duas ocasiões, pessoas que vinham conhecer Cerejeiras e a região, e elaborar vídeos ou reportagens sobre a cidade e suas potencialidades, manifestavam espanto e estranheza pelas informações de que Cerejeiras seria uma cidade muito antiga, alguns chegando a falar no período logo após 1800, enfatizando que tal situação a colocava como muito mais velha do que qualquer cidade às margens da BR-364.

Essas informações, totalmente desprovidas de veracidade e fora de contexto, até porque se Cerejeiras era parte do município de Colorado do Oeste e este pertenceu a Vilhena que é mais antiga, é impossível que fosse mais antiga do que todas as outras. Mesmo assim, essas informações foram espalhadas e, por incrível que pareça, frequentam inclusive sites oficiais do município.

A abertura e colonização da região de Colorado do Oeste foi iniciada nos primeiros anos da década de 1970, com a implantação do Projeto de Colonização Paulo de Assis Ribeiro, ocasião em que as primeiras picadas, linhas e eixos foram traçados, abertos, e iniciou-se o processo de ocupação.

Colorado do Oeste, naquele período denominado “21” pois ficava a exatamente essa distância do Rio Colorado, foi que deu origem a todas as demais ocupações urbanas que foram acontecendo, como Cabixi, Cerejeiras e Corumbiara.

Nos últimos anos da década de 1970 iniciou-se a implantação do núcleo urbano de Cerejeiras, com as primeiras casas e os esboços de pontos de comércio.

No início da década de 80 houve um incremento significativo, com a chegada de várias serrarias, comércios e ocupação de áreas que não faziam parte do projeto de colonização.

Até 1983, Cerejeiras era apenas um distrito de Colorado do Oeste, sendo depois emancipado.

O fato da área atualmente ocupada por Pimenteiras do Oeste, que foi elevada a município e portanto tem sua própria história, ter sido destinada a compor o território de Cerejeiras por alguns anos, não muda a forma de ocupação e criação do núcleo urbano de Cerejeiras. Não se discute que onde se localiza Pimenteiras do Oeste já havia sido visitada e ocupada por portugueses e quilombolas em um período distante.

Se fosse adotada a história que foi espalhada, Vilhena teria que dizer que nasceu onde está Pimenteiras, porque toda essa área pertencia a Vilhena antigamente, mas podem notar que não existe a menor referência a tal situação.

Um exemplo semelhante é relativo a São Francisco do Guaporé, que teve sua ocupação e formação urbana iniciadas nos primeiros anos da década de 90, sendo que passou a ser distrito de Costa Marques, cidade centenária quanto à sua origem. No entanto, é inegável que São Francisco do Guaporé, hoje município, deve relatar sua história como sendo uma cidade gerada, construída e desenvolvida a partir da década de 1990.

Pode-se argumentar que tal tema é irrelevante, mas não é, pois quem vem conhecer a região de Cerejeiras e observa o que já foi realizado por sua população em pouco mais de 40 anos se surpreende de modo positivo, o que não ocorreria quando informado que a cidade teria mais de 100 anos como erroneamente se ensina.

Fato preocupante é que os sites da Câmara e da Prefeitura ainda divulgam essas equivocadas informações.

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