O Fórum Eleitoral de Cerejeiras realizou treinamento de mesários nesta semana. Além do município cerejeirense, Corumbiara e Pimenteiras do Oeste foram contemplados com a iniciativa.
Dentre as informações passadas no treinamento está uma que se tornou uma preocupação maior da Justiça Eleitoral nos últimos tempos: a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Sob constante ataques, o voto eletrônico adotado no Brasil desde 2009 passa por questionamentos de lideranças políticas e eleitores.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também em constante ataques, tem feito campanhas para esclarecer as dúvidas dos eleitores brasileiros.
Pois não é somente as urnas eletrônicas estão sob ataques, mas, sobretudo, o sistema eleitoral brasileiro.
A tática é antiga: se faltar a confiança nas eleições, as demais alternativas de tomada de poder – como os golpes e as ditaduras – estão abertas.
O sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas são seguras, segundo a apresentação ministrada no treinamento dos mesários pelo diretor de cartório do Fórum Eleitoral da 16ª Zona em Cerejeiras, Cássio Félix.
As razões para a confiança nas eleições brasileiras, segundo a apresentação do servidor aos mesários, são, dentre outras, as seguintes:
- Em nenhum momento as urnas são conectadas à internet, sendo impossível o ataque de hackers;
- As urnas são auditáveis, inclusive com sorteio de algumas urnas eletrônicas que são recolhidas no dia da eleição e levadas de avião para uma auditoria pública realizada num shopping center em Porto Velho, que pode ser acompanhada por cidadãos;
- No momento dos registros dos candidatos e de lacrar as urnas representantes de entidades como universidades federais, Polícia Federal, OAB, dentre outras, estão presentes;
- O Sistema Eleitoral Brasileiro já recebeu delegações da ONU e de setenta países, que atestaram a confiabilidade das eleições brasileiras;
- Na época das cédulas de papel, havia muita contestação de resultados de eleições como relato de fraudes;
- Antes da votação, cada urna eletrônica emite um extrato chamado “zerézima”, que mostra que não existe ainda voto registrado na urna;
- Após a votação, a urna eletrônica emite um extrato chamado “boletim de urna”, que mostra todos os votos e para quais candidatos os eleitores daquela seção votaram;
- As informações contidas no boletim de urnas sempre batem com a apuração do TSE divulgada posteriormente;
- São emitidas cinco cópias do boletim de urna: Duas para o Cartório Eleitoral, uma para o chefe da mesa da seção eleitoral, uma para fixar na porta da seção eleitoral e uma para os fiscais de partidos políticos, se houver;
- O acesso de terceiros à urna eletrônica na sala-cofre do TSE é extremamente restrito, o que impede qualquer tentativa de alteração no código fonte (o comando das teclas, por exemplo, a certeza de que se o leitor apertar o número 4 é o 4 que será registrado).
Por essas e outras, as eleições brasileiras dão prova de que são seguras.
A confiabilidade da eleição é sempre posta em dúvida por quem não sai vencedor da disputa, o que demonstra que existe um enorme viés neste tipo de crença.
Além disso, se voltássemos ao tempo do voto em cédula, os ataques à credibilidade das eleições dificilmente haveria de passar – haja visto o exemplo do que aconteceu no Rio Grande do Sul em 1995, quando a Justiça Eleitoral recebeu 8 mil processos questionando a credibilidade das eleições em cédulas de então e pedindo a recontagem de votos.
A urna eletrônica é como uma calculadora: é mais confiável que o ser humano. Se ela erra, é o ser humano que inseriu dados errados.
Contudo, o sistema eleitoral brasileiro não é perfeito – e nem afirma ser, pelo contrário, afirma que o processo está em constante aprimoramento.
Há uma ou outra falha nas urnas, é verdade – como todo aparelho eletrônico pode falhar. Mas é preciso ter a exata noção de que falhas é diferente de fraude. Falhas se corrigem no meio do processo, sem alterar o resultado. Fraudes alteram resultados. Falhas não é proposital. Fraudes, são. Por tudo isso, precisamos aprender a conviver com as falhas e parar de ver fraudes onde elas não existem. Falhas são reais. Fraudes, até provem contrário, fraudes são apenas um delírio de quem não tirou tempo para aprender como funciona o sistema eleitoral brasileiro.
E que vença o candidato que tirar mais votos – como todas as eleições limpas como essa permitem.