As empresas agrícolas que vieram para o município faturam alto. E, segundo a lei e o bom-senso, são elas que devem investir no ponto de coleta das embalagens.
O Brasil se encontra seguramente entre os grandes consumidores de defensivos agrícolas do mundo.
Antes que os detratores do agro se levantem para alardear estas informações aos quatro ventos, é bom que se diga que o Brasil ocupa uma posição de destaque na produção agrícola.
O uso dos defensivos é um fato irremovível da atividade agrícola. Sem o uso destes químicos, não há produção de alimento que consiga suprir a necessidade mundial.
Ao contrário do que se imagina, os defensivos não são utilizados somente em grandes áreas de plantio, mas também em hortaliças, frutíferas e em várias outras atividades do campo.
Entre os campeões de utilização de defensivos agrícolas se encontram o tomate, a maça, o morango, a uva, os citros, a soja e o algodão.
Todos esses defensivos são regulamentados pelo governo federal e, de modo feral, são aplicados com responsabilidade por parte dos produtores brasileiros.
Por exemplo, existe uma seria e severa legislação para evitar que as embalagens utilizadas permaneçam abandonadas, pois o descarte inadequado das embalagens de defensivos agrícolas causam sérios riscos à saúde humana e também aos animais. Segundo as normas vigentes, após o processo de lavagem o agricultor deve armazenar as embalagens vazias com suas respectivas tampas, rótulos e caixas em local adequado e deverão posteriormente em um prazo de um ano, promoverem a devolução na empresa que vendeu o produto ou em unidade de recebimento.
O município poderá disponibilizar postos de recebimento para facilitar a vida dos produtores, sendo que as empresas fabricantes terão a obrigação de recolherem as embalagens nos postos para destinação final.
Como facilmente se verifica, a obrigação de entregar é do produtor, mas isto deve ser feito na loja que vendeu o produto, ou, alternativamente, em postos de coleta de embalagens. O que não pode ser aceito é que uma obrigação das empresas que vendem os produtos seja convertida em encargo do produtor.
O mercado de defensivos movimenta anualmente trilhões de dólares no mundo e se mostra inaceitável que as empresas que lucram com o negocio não assumam os ônus e cuidados decorrentes de sua atividade tão importante e lucrativa.
O Decreto 4.072/02 estabelece que os estabelecimentos comerciais deverão dispor de instalações adequadas para recebimento e armazenagem das embalagens vazias devolvidas pelos usuários até que sejam recolhidas pelas industrias que detém o registro dos produtos e que deverão se incumbir da destinação final.
A região de Cerejeiras atualmente a que concentra a maior utilização de agrotóxicos do estado de Rondônia, até porque atinge aproximadamente 200.000 hectares de plantio.
A região também já acolhe a maior parte das grandes empresas que atual no segmento de defensivos agrícolas.
No entanto, ainda não foi providenciado pelas interessadas um centro de coleta de embalagens de defensivos agrícolas em Cerejeiras, para atender aos produtores – o que certamente facilitaria em muito a vida dos produtores, que podem entregar diretamente nas lojas onde foram comprados os produtos e elas terão o dever de promover a correta destinação, mas o ideal é a instalação de um centro regional de coletas.
No passado, quando existiam poucas lojas que atuavam neste segmento em Cerejeiras, apesar de ser um imenso transtorno para o produtor, ainda se aceita ter que levar as embalagens até Vilhena, distante, em alguns casos, a mais de 250 quilômetros das propriedades.
Mas este tempo com certeza já foi superado, pois atualmente pelo menos 15 empresas de representação agrícola atuam em Cerejeiras.
Cientes desta necessidade, o Sindicato Rural de Cerejeiras, após ouvir os reclamos dos agricultores, resolveu se mobilizar para auxiliar na solução deste problema, e se dispôs a elaborar um projeto de construção de uma central de coleta em Cerejeiras, empreitada que já teve o estimulo de algumas das empresas que não querem ficar recebendo embalagens em suas lojas, e que deve ter em breve adesão total para concretização deste projeto tão necessário.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que o Sindicato Rural de Cerejeiras age neste sentido. Em diversas vezes a entidade já promoveu e participou de reuniões para tentar encontrar uma solução para este problema.
Com o desenvolvimento para a região de Cerejeiras, porém, acreditamos que essa solução se aproxima.
As empresas de representação agrícola estão fazendo bons negócios e ganhando muito dinheiro na região de Cerejeiras.
Agora, é justo que elas contribuam para a solução deste problema também, especialmente se dispondo a construir um ponto de coleta no município.